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Ana Paula Cardoso Schwartz

Educação à distância para criança com autismo: dicas

Como está o EAD para aluno com alguma deficiência? Mãe Ana Paula conta sua experiência

Por Aline Oliveira, publicado em 26/05/2020.
Por causa do coronavírus, educação à distância (EAD) nunca foi tão importante. Estratégias de ensino remoto, por mais importantes que sejam, têm limitações e não atendem a todas as crianças e jovens brasileiros da mesma maneira. Você sabe como as escolas estão se preparando para incluir crianças com deficiência nesta modalidade à distância?

Conversei com a Ana Paula Cardoso Schwartz. Ela é mãe do Lorenzo, que tem autismo. Moradora de Cruzeiro (SP), Ana Paula nos contou como está sendo acompanhar o filho nas aulas online. Vejam abaixo com perguntas e respostas. O Lorenzo tem 7 anos de idade e está no Primeiro Ano. Ele estuda em um colégio particular da cidade de Cruzeiro, o Dinâmico EIFM.

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Dúvidas sobre aula online para criança com autismo


Como a escola está fazendo a inclusão do Lorenzo na aula online?

A escola, antes mesmo de iniciar as aulas online, já mostrou total interesse em incluir o Lorenzo. A professora e a mediadora se colocaram à disposição para nos atender em horários exclusivos para dúvidas e troca de ideia para juntos adaptarmos ele a essa nova rotina escolar. A mediadora (que está com ele desde 2018) envia um vídeo prévio exclusivo para ele antecipando o que acontecerá naquele dia e a matéria que irão estudar. Sempre com muito carinho e de forma mais direcionada à forma de compreensão dele. Uma observação aqui: o Lorenzo tem uma relação de confiança e afeto com sua mediadora, isso ajuda muito no processo todo. Mediador ou tutor são alguns dos inúmeros nomes dados ao profissional que tem por função acompanhar estudantes com autismo na sua escolarização. É Lei Federal. E ela diz:
Lorenzo, 7 anos de idade, fazendo aulas onlineFoto: Ana Paula Cardoso Schwartz

'Em casos de comprovada necessidade, a pessoa com transtorno do espectro autista terá direito a acompanhante especializado'.


Como você ajuda o Lorenzo nesta organização das atividades escolares?

Aqui em casa, meu esposo não pode fazer o home office. Sendo assim as atividades e acompanhamento durante a aula ficam por minha conta.
Desde os 18 meses do Lorenzo que eu me tornei mãe e dona de casa em tempo integral. Após o diagnóstico para Autismo, essa decisão só se reforçou. O tratamento terapêutico exige muito investimento financeiro mas também de tempo para acompanhá-lo. Remanejamos algumas situações e tudo flui bem dessa forma desde então.

A reação da criança


Como foi a aceitação do Lorenzo diante destas atividades online?

O Lorenzo apresenta melhor compreensão, vivenciando a nova situação. O que quero dizer com isso é que ele não consegue compreender uma mudança apenas por uma informação verbal. Eu o preparei verbalmente para as aulas online, mas ele não compreendeu. O primeiro dia foi um caos. Ele teve uma crise de ansiedade ao ouvir a voz dos amigos e das professoras, chorou muito querendo ir para a escola física, foi um dia difícil. A parte mais bacana dessa situação foi receber o carinho de toda equipe escolar, dos pais da turma, dos amigos, e equipe terapêutica como sempre super acolhedores e interessados em ajudá-lo a incluí-lo. No segundo dia ele ainda ficou um tanto quanto receoso, distante. Mas a partir do terceiro dia ele compreendeu a expressão 'escola em casa' é a partir daí foi só evolução. Hoje eu já posso dizer que ele está adaptado a essa nova situação.
Lorenzo mostra a atividade de pintura que recebeu da escolaFoto: Ana Paula Cardoso Schwartz

Ausência do relacionamento social


Sabemos da importância social para o desenvolvimento de todas as crianças. Como o Lorenzo se comporta por não ter mais esse convívio com os amigos?

O Lorenzo demonstra afeto e necessidade, sim, de estar com os amigos. Ele é muito do contato, gosta de gente, gosta da aglomeração da qual estamos proibidos devido ao momento. Mas ele tem compreendido bem que precisamos ficar em casa. Às vezes pede pra ir pro parque e para o Museu com os amigos, ele quer socializar, mas brinca bem sozinho ou apenas comigo e o pai.

Dicas para pais de filhos com autismo


Qual dica você daria para outros pais que também precisam dessa inclusão social?

Uma dica que sempre dou aos pais de crianças com deficiência ou transtornos é de em primeiro lugar aceitar. Aceitar a condição nos fortalece para enfrentar os desafios. Dada a aceitação, você precisa se inteirar dos direitos que seu filho possui e exigi-los. Eu não encontrei barreiras nesse sentido. A escola desde o início se mostrou interessada a incluí-lo, mas como mãe eu me faço presente, me coloco à disposição. A equipe terapêutica tem acesso à escola, somos uma equipe (família, terapeutas e escola). Procuramos falar a mesma língua e buscar flexibilizar conteúdo e espaço para uma efetiva inclusão escolar. Parceria, essa é a chave.

Você participa do movimento “Caminhada Inclusiva”. Fale mais sobre esse projeto.
Ensaio da campanha da Caminhada Inclusiva de 2019 em CruzeiroFoto: Arquivo Pessoal/ Divulgação

A Caminhada Inclusiva tem como objetivo conscientizar as pessoas sobre os direitos, necessidades e potencialidades de toda pessoa com deficiência.
Ela é fruto da primeira Caminhada de Conscientização sobre o autismo, realizada em Cruzeiro no ano de 2017 sob a coordenação da terapeuta Erika Santos. Erika reuniu profissionais da área da saúde, educação e familiares na formação do núcleo e na equipe de apoio. Desde 2018 a Caminhada Inclusiva expandiu em relação às demais deficiências. O dinheiro arrecadado com a venda de camisetas é revertido em cursos e outras ações que divulguem a inclusão e o conhecimento terapêutico e educacional, tornando esta realidade de formação mais acessível para a população.

Em 2020 nossa Caminhada aconteceria no dia 23/05, mas devido à pandemia foi adiada sem data prevista por enquanto. Diante dessa situação e com um desejo enorme de, mesmo em casa, falarmos sobre conscientização, decidimos criar a semana da #caminhadainclusivavirtual onde propomos para os seguidores e amigos compartilharem em suas redes sociais fotos de caminhadas anteriores, foto com alguma das camisetas ou até mesmo segurando um folha destacando o apoio.
Educação à distância para crianças com autismo; compartilhe sua experiência abaixoFoto: Ana Paula Cardoso Schwartz

Recados finais e comentários


Como educadora, fico muito feliz por saber de exemplos positivos como esse do Lorenzo. Escola, pais, todos se ajudando. A escola se dedicando na inclusão. E os resultados aparecendo. Isso nos enche de esperança e otimismo com o futuro da nossa educação. Mas, claro, no Brasil também há exemplos negativos, infelizmente. É o que acompanhamos em notícias, jornais, etc. Deixo abaixo o espaço de comentários aberto. Quem quiser compartilhar alguma experiência ou enviar alguma dúvida, alguma questão, fiquem à vontade. Também faço questão de encerrar este artigo com uma frase da minha amiga Gabriela Torres, que eu já apresentei aqui, do Canal Mãe de Verdade.

'A inclusão não só um direito da pessoa com deficiência. A inclusão é um dever de todos!', Gabriela Torres, mãe ativista de pessoas com deficiência.


meu e-mail para contato é: aline@ospaparazzi.com.br

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Publicado Por Aline Oliveira
Formada em Pedagogia, Aline Oliveira atua como professora do ensino fundamental desde 2002. Da experiência da maternidade nasceu a paixão por escrever para mães. 'Paixão pela arte de educar. Paixão por aprender. Com amor, tudo fica mais leve.' Veja mais informações
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